terça-feira, 10 de abril de 2012

«Era, de frente ou de costas, mau como as cobras.»

"Mau como as cobras", foi o que disseram quase todas as mulhe­res de Chaplin. Numa altura em que as ligas puritanas marcavam Hollywood homem a homem, uma menor, Mildred Harris, cla­mou estar grávida dele. Sem poder arriscar o escândalo, o genial Chaplin casou-se. Estava à espera dela no registo e, vendo chegar a juvenil figura, não resistiu a um comentário sibilino: "Sinto um bocadinho de pena dela." Não era caso para menos, em dois anos estavam divorciados e ela acusava-o, provavelmente com inteira verdade, de crueldade mental.


Lita Grey [...] aos 15, Chaplin chamou-a para ser a estrela de "The Gold Rush". Ainda chegou a filmar, mas Lita descobriu-se, de repente e não por acaso, em estado interessante. Novo casamento urgente e obrigatório; nova tragédia pessoal. Chaplin abandonou-a num palácio dourado, enquanto se locupletava em infidelidades que incluiam a actriz que a substituiu e uma amiga que Lita lhe apresentara. A declaração de Lita no divórcio foi histórica: acusava Chaplin de todas as crueldades e mesmo de uma heterodoxa abordagem à relação sexual que a lei californiana condenava.
[...]
A desumanidade de Chaplin explica a humanidade da sua obra? O facto é que as tragédias, próprias ou alheias, foram o capital cómico dos seus filmes.


Manuel S. Fonseca in Expresso, Atual, 6 de Abril de 2012. p. 13

1 comentário:

  1. As muitas mulheres de Chaplin.
    O seu génio é proporcional ao descarrilar amoroso da sua vida.

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