quinta-feira, 14 de julho de 2011

Arturo Pérez-Reverte, o acto criativo, a paixão e o amor


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Qual é a linha de divisão entre uma coisa e outra? (artista e escritor)
Creio que o artista é aquele que escreve movido por um irreprimível impulso criativo. É aquele para quem a criação literária é um estado de alienação, de exaltação, no qual os seus sentimentos se misturam com o seu trabalho.

Isso nunca lhe acontece?
Não. Eu nunca misturo os sentimentos com o trabalho. Eu utilizo os sentimentos para o trabalho. É como fazer amor. Imaginemos a situação. Não sei se se pode fazer uma comparação destas.

Porque não?
Quando se está com uma mulher, se nos deixarmos levar pela paixão, o acto pode ser breve e insatisfatório. Se nos mantivermos de cabeça tranquila, serenos, o acto pode ser longo e satisfatório. Na literatura é a mesma coisa. O artista é aquele que talvez consiga um momento sublime, breve, mas que se arrisca a não o alcançar. Enquanto o profissional é aquele que é capaz de prolongar a situação. prefiro não misturar as coisas, que não sejam os sentimentos a determinar o acto criativo.
[...]


- Arturo Pérez-Reverte in Ler, ed. Junho, p. 31, entrevistado por Carlos Vaz Marques

14 comentários:

  1. Não mistura, mas utiliza. Profissionaliza assuntos que não deve, favorece o satisfatório em detrimento do sublime, por muito efémero que seja. Não gosto.

    Aliás, "satisfatório" já dizia tudo.

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  2. Margarida13:13

    Nem mais Isa.
    Tb prefiro um momento sublime a duas horas satisfatórias.
    Satisfatória, para mim, é aquela refeição q não estava por aí além mas deu para forrar o estômago e toca a andar!

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  3. Margarida13:17

    E qual é o problema da pessoa se deixar "levar pela paixão"?

    Até parece q paixão é alguma coisa má, q atrapalha!

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  4. Anónimo21:30

    São todas muito "apaixonadas" por isso é que dão sempre com os focinhitos na lama.

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  5. Margarida21:40

    Por mim está completamente certo.
    Estou sempre a dar com o meu focinhito na lama.
    Que coisa, até estou toda arrepiada, até parece que me conhece!

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  6. Anónimo23:04

    Algumas com tantas justificações até disfarçam muito bem.

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  7. Margarida23:14

    Outras, nem por isso.

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  8. E depois também há os trolhas retardados. É preciso não esquecê-los.

    Também são muito chegados a um bom disfarce, estes malandrecos.

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  9. Anónimo01:14

    As que não disfarçam bem, as que nem por isso, são todas iguais. Farinha do mesmo saco.

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  10. Fico contente por se divertirem tanto.

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  11. Ena, um dos meus autores favoritos. :) Acabaste de me fazer decidir ler O pintor de batalhas, hoje. Obrigada!

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  12. Ah, espera, os comentários têm de ser em resposta a representantes de Hipócrates zangados com o mulherio?

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  13. mas, mas, mas concordo totalmente com ele! ó meninas, mas vocês querem que o homem esteja desvairado e a festa acabe antes de ter começado? eu cá sou pela "cabeça tranquila, serenos" que é para "o acto poder ser longo e satisfatório"!!! :D

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