sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Todo o corpo é lama na linguagem dos anjos caídos


Quando o beijo terminou inquiriu: «O teu paladar pertence ao passado, ou é simplesmente antigo?» Tempos houve em que teria indagado o sentido da frase, talvez, mesmo, engendrado resposta a uma pergunta artificiosa. Falaria sobre o tempo subjectivo, o sabor concentrado da solidão que os lábios adquirem e, esperava, ela pudesse diluir. Mas, hoje, apenas me parece nunca ter sido amada pelo direito e pelo avesso, e isso fá-la cruel. Sorrio apenas, sabendo, de antemão, que nunca me será outorgado o crédito merecido por esta gestão criteriosa do silêncio.

2 comentários:

  1. Gosto especialmente disto:
    «O teu paladar pertence ao passado ou é simplesmente antigo?»
    E disto:"Falaria sobre o tempo subjectivo, ou o sabor concentrado da solidão que os lábios adquirem"
    E mais disto:
    "Mas hoje apenas me parece nunca ter sido amada pelo direito e pelo avesso..." Ainda que não seja totalmente verdade, gosto do impacto.
    Resumindo e concluindo: gosto destas reflexões e da forma como estão expressas.

    ResponderEliminar