Virtudes e pecados, dor e prazer, temas banais. O seu e o seu contrário. Depois veremos melhor.
Monday, 3 June 2013
Não vi os anjos (na casa do Senhor)
Várias vezes uma piscadela de olho. Acto reflexo? Não. Sinal combinado. Informo Deus sobre a índole dos meus pensamentos: brincadeira inocente.
Minguados vestidos de algodão ou finas cambraias de linho. Abissais decotes. Igreja gélida. Pernas semi-nuas montadas em stilettos Jimmy Choo, tonificadas por horas de ginásio, saltitam nas alas de pedra macerada. Nádegas oscilam, seios balançam. Corpos na procura de uma glória que não é divina. Com sorte e óptima visão periférica vislumbro uma Intimissimi copa duplo dê. Observo, meço, avalio. «Traquinices de adulto, nada mais». Repito a frase de mim para mim até à exaustão. Baixo a cabeça e observo com falsa atenção os Rockport de velejador.
Pestanejares mais tarde concluo: a mera exibição domingueira da toilette apressadamente enfiada em tronco desgovernado, sustentado por calosidades ou joanetes, encontra-se extinta.
Deus seja Louvado, já não se fazem beatas papa-missas como antigamente.
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A parte das calosidades ou joanetes, é só pra tentares desmanchar a imagem perfeita, poisé?
ReplyDelete(só a perguntar, nada de fúrias faxavor..)
Há pessoas assim. Quando não querem gostar d'alguém ou de alguma coisa, inventam-lhes o que se pode chamar de defeito. Ou Realçam. Revertem o picture, portanto.
Ora ainda bem que o Senhor inspirou a nossa Isa para deixar aqui o seu testemunho. É que venho agorinha da sacristia onde acabei de medir a minha fé com um padre dos outros tempos. Aquilo é que era inocência! Pois é. Joanetes, reumatismo, pernas varicosas, calosidades e outras maleitas que desfeiam as mulheres de fé, são um mal necessário ou uma desculpa como diz a Isa. A raposa quando andou pelas vinhas do Senhor, também disse que as uvas estavam verdes por não as conseguir apanhar. Mas, eu gosto destas coisas. Tudo quanto fale em anjos e beatas é o meu forte. E depois, como se isso não bastasse, aparecem os soutiens intimissimi, copa dupla e decotes generosos, tudo num contexto, de facto, místico, ainda que a glória divina ande muito arredia. Também para que querem as mulheres de fé a glória divina? Se têm fé, só precisam de um bom estímulo e de um tronco desgovernado. No desgoverno é que está o furor e qualidade da colheita.” Ditosa pátria, que tais mulheres tem!” Quanto aos anjos, tu é que não os viste. Estão atrás das portas nas traquinices do costume. Beatas como antigamente? Oh, Meu Deus, valha-me o sagrado lenho! As beatas de agora tem tudo o que é preciso. Num coro, é vê-las entender perfeitamente o que diz a batuta do maestro. É vê-las generosa e gostosamente a desfiar todas as contas do seu rosário e a desmaiar. A desmaiar, sim, ao som do trompete ou do órgão de tubos! Mas porque carga de água se há-de confundir beatas com o gado miúdo?
ReplyDeleteEnquanto a Isabel está em êxtase místico - quiçá uma nova Joana d'Arc - deixo aqui o meu testemunho (é assim que se diz?): Desde o berço que sei, a felicidade vem engarrafada. Ou num par de mamas.
ReplyDeleteExtâse místico? Essa está boa! Bem, pode ser! E gostei dessa, da Joana D'Arc, mal tu sabes porquê. Fica para depois.
DeleteAgora, a felicidade não vem "engarrafada". Eu não sei de onde vem nem como como vem. Só sei que há momentos em que me sinto plena e outros em que nem por isso. Há quem diga que é uma forma de estar na vida. Mas, já me deixei dessas crendices. Pode muito bem estar num para de mamas. Pode, sim. Porque não? Assim como pode estar noutra coisa qualquer. Sinceramente, não estou muito preocupada com isso. Não é a felicidade que procuro. Mas sinto que ela vem por acréscimo.
Permitam-me recolherar (gosto mais assim):
ReplyDeleteIsabel, pareces-me zangada, nina. Perequê?
Bom, continuando, quanto a mim não se confundem. São mesmo a mesma coisa.
Isto, falando de gado miúdo/beatas.
(Porquê que as referidas aqui no post do Lawrence das arábias hão-de ser classificadas duma coisa ou de outra, é que se me escapou)
Também se me escapou que a cena das calosidades e blablabla era só um almejo de quem vai à missa mesmo pra ouvir o sr. Prior, e se sente distraído por coisas supostamente pecaminosas.
Considere-se portanto nulo o meu 1º comentario. O comentário, porque a ideia subjacente continua lá. É que até pra se ver calos e joanetes, uma pessoa tem que estar a olhar pra outra coisa, que não prá imagem da Nª Srª da Assunção.
Isa, eu não estou zangada! Acredita que até estou muito bem disposta. Já me ri, que nem uma perdida, por causa de uma coisa simples, muito simples mesmo, que o teu Shogun me deixou no google. Está demais. Está a ver como ser feliz até nem é difícil? Assim como me fartei de rir no teu blog. Aqui, em casa, até me perguntaram se eu não estava maluca. Estás a ver? Boa disposição, gargalhadas = a felicidade.
ReplyDeleteGado-miúdo e beatas é tudo a mesma coisa. Sim. E, no gado-miúdo, podemos meter muita coisa. Tu sabes. Eu é que quis enaltecer as beatas por brincadeira. Porque resolvi asssumir-me como tal e ver como seria, isto é, inverter tudo. Pois, quando ao Senhor Prior, isso é outra história. E a coisa ainda se complica mais se lhe juntarmos as beatas. É que as beatas também usam decotes e grandes.
Portanto, a ideia subjacente ao teu comentário continua lá. Tudo bem. Tu achas que são invenções de quem não quer gostar d'alguém. Fixemo-nos aqui. Isa, tu achas mesmo que essa coisa do gostar tem alguma coisa a ver com o querer ou falaste em sentido figurado? Estou a ficar muito lerda! Eu não interpretei aquilo à letra, mas, ainda estou emperrada no querer...
Esclarece enquanto vou regar as minhas hortênsias. Está a cair a noite.
Gostar/querer, não é a mesma coisa..?
ReplyDelete"Poder" é que é capaz de fazer ali alguma diferença...
(Tens hortênsias??? Adoro hortências! São de que côr?)
Ps: o Shogum não é "meu". Atenção muita atenção, tá okis? Nada de confusões.
...não vá o Depp passar por aqui ojólhos e ficar de coração despedaçado.
Gostar/ querer, não, não é a mesma coisa. Gostar/ querer é fazer o que diz um dos mandamentos do Senhor" Amai-vos uns aos outros como eu vos amei." O gostar/ querer é um mandamento. Agora se me falares em tolerância é outra coisa. Eu não consigo querer gostar. Ou gosto ou não gosto. Não é um trabalho mental. Devo estar a meter os pés pelas mãos. Pela certa. É que eu não faço esforço nenhum para gostar de algumas pessoas. Em relação a outras, tolero-as, apenas. Também acontece olhá-las atentamente e acabar por gostar delas. É uma questão de tempo. Já dizia o Principezinho:" Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante." Quando penso nisto, não faço esforço nenhum para gostar. Surge uma empatia e gosto. Acho que não há gostar sem empatia.
ReplyDelete"Poder" faz toda a diferença na prática. Mas, ninguém me pode impedir de gostar.
Eu sei que o Shogum não é teu nem de ninguém. Ninguém é de ninguém mesmo que seja. Isso aprendi há muito tempo e com dor. Mas, aprendi.
Eu sei que não era aqui que tu querias chegar. Pronto, é o Depp e está tudo dito. E, quando eu disse o "teu Shogum", foi naquela de o considerar muito teu amigo. O que é bom. É outro gostar, outro olhar, como queiras.
Hortênsias, tenho azuis desmaiadas porque as hortênsias rosa lhes impuseram a cor delas. São em muito maior número.
Agora vou fazer a janta. Que merda! Já vou à tua tenda. Tens lá coisas muito interessantes. Beijinhos para os dois.
Voltei atrás. Gostar/ querer. Desliguei-me de outro contexto" do "querer gostar" . Isto altera tudo. Agora estou a pensar no querer neste sentido:" Quero-te muito!" =" Gosto muito de ti!" Dever ser isso que queres dizer. Precipitei-me. Sou pior que os putos. Não vejo as coisas com atenção. De qualquer das maneiras, fica também o meu " querer gostar" que postei no comentário anterior.
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