segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bagagem emocional

«Conheci uma mulher», principiava o Araújo, «um cavalheiro como poucos». Aqui suspendia a narração e olhava em redor, recolhendo no chapéu acenos de cabeça: a certeza de haver sido entendido.

Prosseguia já de mão pousada no ombro do ouvinte mais atento. «Vi-a com estes olhos, com estes aqui, que a terra um dia há-de comer, arrumar os seus haveres, guardar tudo e, ainda não contente desse trabalho, carregar porta fora as putas das malas. Nem isso me deixou fazer.» Por esta altura respirava fundo e rematava no balcão - quase gritando -, uma punhada por palavra. «Isto tudo, claro, depois de me foder. Bem fodido. Mas fez tudo sozinha! É o que vos digo: um cavalheiro!»

E ria até ao engasgo - recebia palmadas nas costas -, e pedia outra aguardente.

15 comentários:

  1. Coisas que acontecem...

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  2. Bagagem que ninguém aguenta.

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  3. Há quem faça questão de a transportar todos os dias e ainda use os outros como burros de carga.

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  4. "Um cavalheiro". Brutal.

    E o Araújo também o é, seguramente, que não é qualquer gajo que assume uma cena dessas.
    Um bem disposto, é o que é.

    Tu tás bem, Shogun?

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    1. Mais gueixa, menos gueixa... uma vezes a tendinite cotovelar, outras a contractura lombar. Tou quase a desistir da alta competição :/

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    2. ESQUECESTE DA ESPONDILITE ANQUILOSANTE E DA ACNE CUCURBITÁCEA...

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  5. Se ela o fodeu bem fodido não tem de que se queixar. Cavalheiro? Só se for "o da triste figura"!
    Tenho um amigo que tem a mania de conquistador e de acreditar em tudo o que as mulheres dizem ou fazem. Foi parar ao hospital também pela mesma razão: ter sido bem fodido! Ela diz que teve 5 orgamos em meia hora. Ele conteve-se o mais que pôde... A tal mania dos pseudo garanhões. Como já não conseguiu dar o grito de guerra, lá pela noite fora, já em casa, gritou pela irmã para que o levasse ao hospital. A versão que corria era que tinha torcido os testículos! Ena! Foi ou não um acto de elevado cavalheirismo? O que eu gozei com a cena!

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    1. Nunca soube que tal coisa se pudesse torcer.Tens fotos?

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  6. Não tenho fotos nenhumas, seu espertalhão! Para que quero eu essa porcaria? A irmã é que me contou! Eu não ando por aqui a espreitar as quecas que os outros dão. Não tinha mais que fazer! Tomara eu dar conta das minhas, quanto mais dar conta das dos outros!

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  7. EU SÓ USO QUECAS GG, ESTOU GORDO COMO DÃO JOÃO VI

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  8. Nem penses numa coisa dessas, Olho Vivo! Sabes que mais? Tenho todo o prazer em te reponder. Tu deixa-te de D. João VI, mais coisa menos coisa! Aquilo era um "banana". E a Carlota Joaquina até tinha barba. Dizem!
    O D. Pedro é que tinha razão quando lhe saltou com o Ipiranga para cima. E fez ele muito bem, já que o pai foi um cobarde! Nós aqui com os franceses e ele no bem bom, aí, no Brasil!

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  9. E DÃO JOÃO FREQUENTAVA AS BOATES RODEADO DE MULATAS APETITOSAS, ENQUANTO D. CARLOTA CLAREAVA OS DENTES PODRES EM SÃO PAULO.MEU PENTATATARAVÔ CONTAVA ISSO NAS SUAS MEMÓRIAS.

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  10. De facto, D. João VI fez a melhor opção. Do que sei sobre a Carlota Joaquina vem-me um pouco do que li nas " Luzes de Leonor", um livro fantástico da Maria Teresa Horta sobre a Maquesa de Alorna. Elas, a Marquesa de Alorna e a Carlota Foaquina, conviveram uma com a outra, já que a Marquesa de Alorna, frequentava a corte. Segundo o que li e também já sabia, a Carlota Joaquina era francesa e veio para Portugal muito nova. Até me parece que era boa pessoa e apoiava a marquesa de Alorna nos seus avanços poéticos e nas suas ideias iluministas, muito contrárias ao que seria exigido, pela sociedade, às mulheres. Não quero estar para aqui a dar lições a ninguém. Só que gosto muito de história e não sei bem o que hei-de pensar sobre a nossa Carlota! Que os reis eram uns desavergonhados, é um facto. Mas, as rainhas também não lhe ficavam atrás! E faziam eles muito bem! Se casavam com quem não queriam...

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