quarta-feira, 4 de maio de 2011

«Morde aqui a ver se eu deixo»


Na mesa do lado. Ambos adultos. Ambos com mais de trinta anos. Ambos vivendo com os pais.

Ela queixava-se, dizia não saber o que era dormir mais que cinco horas por noite. Desconhecia o motivo. E ele que sim; que sabia, era o stress.

Ela passou aos dentes. Não tinha cáries, nem tártaro, não fumava; usava pasta dentífrica contra a placa bacteriana. Ele, também que não, não, não e sim. Ela, que o aparelho de correcção, com almofadinhas coloridas, individuais, era um gosto, uma beleza. Que o aparelho também mais aquilo. Ele, isso tudo e mais; que devido à configuração protuberante do seu maxilar, a queixada, o apetrecho dele era especial, não podia usar o modelo fixo, e mais aqueloutro; que teve dores assim e tomou comprimidos assado, que o dentista disse isto e mais aquilo. E continuaram.

Não volto a consumir água da rede de abastecimento público. É a única explicação.  

9 comentários:

  1. pra esse pessoal só apetece usar as palavras sábias se um amigo : "FODEI-VOS!" (sotaque minhoto)

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  2. Anónimo09:42

    Isso foi num restaurante vegetariano?

    Carla

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  3. Margarida13:51

    Falar de dentes e aparelhos dos ditos à mesa do restaurante, não lembra ao careca!
    Esse título deixa-me nervosa: dá-me mesmo vontade de morder!:)

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  4. Ai que arraso, ai que paixão... eu imagino os beijos trocados entre os dois, já depois do jantar, no (desas)sossego da casa de um deles, perto do olhar curioso dos pais: ela com o acompanhante bucal que usa a full-time, ele já com aparelho a part-time, usado apenas em casa, quais pantufas que se calçam quando o esgotante dia de trabalho chega ao fim.
    A história de amor entre esses dois seres deve ser magnífica. Cintilante. Magnética. Metálica. Comovente, até.

    Até que um deles diz:
    "Tens um espinafre no aparelho."
    "Aqui?"
    "Não, do outro lado..."
    "Aqui?"
    "Hum... Um pouco mais para a esquerda... Oh. Deixa que eu tiro!"

    Anão, tenho os olhos lacrimejantes. Só não choro copiosamente por pura vergonha.

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  5. Está visto.
    Quando for grande, quero ser como o Anão.

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  6. O Patife adora a explicação encontrada. Agora percebo a razão de tantas conversas bizarras já escutadas em estabelecimentos públicos. ;)

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  7. Num restaurante tinha-os posto à porta. Foi num bar, bem depois da meia-noite e era suposto ser conversa de engate.

    Agora quando tenho sede bebo imperial.

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  8. Anónimo16:30

    HAHAHAHAHAHAHA
    Como os tempos mudam!!!
    Cunbersa de engate???? HAHAHAHAHAHA

    You make my day! :))


    Carla

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  9. Quem sabe tudo desse assunto é o senhor Patife, acima.

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