segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Consultório VI - Religião e Compras (Reedição, com novo título)

Senhor anão gigante,

Quando casei o meu esposo não possuía crenças religiosas. Subitamente, começou a frequentar uma igreja que proclama a extrema importância de uma mulher submissa, passiva e sempre atenta aos desejos e ordens do marido. Não posso comprar nada sem autorização prévia. Quando faço qualquer coisa que não deseja, irrompe aos gritos de: "HEREGE! HEREGE!"; e eu não penso que ele esteja a brincar. Qualquer conselho ajuda. 
Um abracinho. Teresinha do Montijo.


Teresinha,
Talvez devesse falar com a Inês Pedrosa. Não, não. Estou a brincar. Olhe, a menina vá ao Colombo e compre roupas novas, muitas. Use o cartão de crédito do marido. Quando chegar a gritaria, diga que foi Jesus que lho ordenou a sí, falando-lhe através dele, enquanto dormia. Dias depois acorde-o, bem cedo, e avise que Jesus falou consigo, novamente, mais uma vez durante o sono dele e transmitiu-lhe, que tudo quanto o seu marido lhe disse, no dia anterior, estava errado. Faça isso de cada vez que o seu querido disser alguma coisa, com que a menina não concorde. Quando ele finalmente "explodir", informe que só está a fazer o que Jesus ordena, e ele é um mero veículo, através do qual Jesus comunica. Como pode ele contrariar Jesus? Não pode. 

Eventualmente, ficará tão ressentido com o facto de Jesus contrariar as suas ordens, que não haverá como, não virar costas à religião. Parabéns, agora vão os dois para o Inferno.

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