sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Leitura (quase) diária #7


Ainda nos anos trinta do século passado foi inventado um robô que produzia enredos ou situações ficcionais, baseado nos mesmos princípios da Plot Wheel. Tem todo o aspecto de mania da época, um modismo que não parece ter tido grande sucesso comercial. Mas já se anunciam, nos nossos dias, programas de computador aptos para esse desafio. Porque não? Se calhar é mais fácil para as máquinas que vencer o campeão do mundo de xadrez, embora mais difícil que a beleza jamais superada duma «partida imortal».


"Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz." 

O autor, que nunca cessa advertências para a importância do estudo, da pesquisa - anterior a qualquer escrito -, da utilização de enciclopédias e outros livros de saberes acumulados, até de uma Mitologia Geral, e mesmo, com as devidas cautelas, da Internet, podia ter-se valido de tais avisos. 

Corria o ano de 1996 quando, Garry Kasparov, o melhor jogador de xadrez do seu tempo, e um dos maiores de sempre, foi derrotado na partida inicial, das seis que disputou contra Deep Blue, o supercomputador da IBM. Foi também a primeira vez que um campeão do mundo perdeu a jogar contra circuitos de silício. Mas Kasparov triunfou no encontro. Resultado final: três vitórias, dois empates, e uma derrota.

Em 1997, no rematch, Deep Blue, o monstro do cálculo - mil e quatrocentos kilos, duzentos e cinquenta e seis processadores funcionando em paralelo, uma capacidade de análise de duzentos milhões de posições por segundo e, cem a duzentos biliões de lances em cada período de três minutos -, venceu. O desfecho: duas vitórias para a máquina, uma derrota e três empates.

Em 2014, qualquer programa comercial de topo, e um ou outro gratuito, instalado em computador portátil, notebook, ou tablet topo de gama, (graças à evolução dos algoritmos de cálculo e avaliação, e ao auxílio de opening books, e tablebases de finais de partida), vence o campeão mundial.

Aferido que sim, ao contrário do que proclama, vencer o campeão do mundo de xadrez é mais fácil para uma máquina, do que escrever uma novela, o que pensar da parte final do período? 


Se calhar é mais fácil para as máquinas (escrever um romance) que vencer o campeão do mundo de xadrez, embora (lhes seja) mais difícil que (alcançar) a beleza jamais superada duma «partida imortal».
    

Sugerimos, humildemente, ao autor, que seja o primeiro apóstolo da sua Verdade: nunca remate «com um aforismo arbitrário para conferir profundidade.»

1 comentário:

  1. Isto é que está para aqui uma açorda! Ora se diz que a máquina é melhor a escrever novelas do que a vencer o campeão mundial de xadrez, ora se diz o contrário! Depois, uma lição de moral. Bem prega Frei Tomás.... Em que é que ficamos? É o autor que está a falhar ou sou eu que não percebo nada de xadrez nem de novelas e muito menos de máquinas que pesam não sei quantos quilos ou quilos nenhuns. Modernices que já vêm de trás. Que se lixe! Vou ver a terra dos hobbits.

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