segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A vida normal de dois sem-abrigo*


Assistimos ao enobrecer da pobreza. Tempos virão em que, a par do empreendedor, da estilista, do industrial do calçado ou têxteis, e do magnata da distribuição, nas cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, aquele que ocupar a cadeira de Belém vai condecorar um emérito e distinto pobre.

P. José Tolentino Mendonça, poeta ilustre, vice-reitor da Universidade Católica, que formou a horda dos que hoje são banqueiros, economistas, gestores e assessores governamentais, diz: «a pobreza é uma coisa chata de viver.»

Digo eu rebarbativo: normal, o cacete; chata, os cornos.

E não, não estou a dizer que se varra para debaixo do tapete - exactamente o oposto, a banalização da miséria a todos deve repugnar. 
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*in Público

2 comentários:

  1. Nem sempre é fácil uma pessoa suicidar-se.
    __O japonês Morio Suda começou por atirar-se para debaixo
    de um camião em andamento. O condutor travou de repente,
    do que resultou um táxi embater nas traseiras do camião.
    __Enquanto os dois homens discutiam, Suda atirou-se
    para a frente do rodado de outro camião, cujo condutor tam-
    bém conseguiu parar sem atingi-lo.
    Suda resolveu então lançar-se ás águas do fosso que cir-
    cunda o palácio imperial. Desta vez foi salvo por populares.
    __Depois do que lhe aconteceu, Morio Suda afirma que a
    vida é completamente infernal.



    Herberto Helder
    Photomaton & Vox

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  2. Estive a ler e a reflectir! E, neste momento, não me sinto capaz de qualquer discurso. Sei que não iria dizer nada de jeito e que tudo cairia em mim como se eu fosse um poço sem fundo...

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