quinta-feira, 7 de abril de 2011

Também Bolonha, agora calo-me de vez que este assunto causa-me ânsias

Para o anónimo das 15h06, no primeiro desta série.

Temos que distinguir entre encerrar cursos e gerir recursos. Mais uma vez o problema é deste último, da gestão. Não me incomoda nada a abertura de licenciaturas inúteis no ensino privado, desde que os alunos sejam informados das suas possibilidades e a esses mesmos cursos feita uma avaliação séria, o que falta a todos.

No ensino público sendo diferente o problema, parte da solução estará em acabar de vez com a especialização excessiva, um mito que a ninguém serve. As licenciaturas generalistas, à moda antiga, continuam muito boas, apesar de todos os seus defeitos.

Já a falcatrua de Bolonha, que só pretendeu resolver problemas de financiamento das universidades, através dos montantes exagerados de propinas, em mestrados que não passam de um 4.º ano enxovalhado, são outra questão, diferente, mas próxima.

Basta dizer que o principal "argumento de vendas" de Bolonha, foi a necessidade de "deitar" para o mercado, profissionais qualificados, em menos tempo. Ora, nem há emprego para esses profissionais, nem são qualificados, nem as empresas os aceitam sem mestrado. As licenciaturas de Bolonha valem zero no mercado de trabalho. Qualquer empresa, para atendimento de clientes ao balcão (uma espécie de gestores de conta), exige mestrado.

10 comentários:

  1. Anónimo15:32

    Sim, Gatito, acho que por hoje já é suficiente.

    Eu também já estou com uma gastura.........
    Não sei se choro baba e ranho ou se me rio à tresloucada.


    Carla

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  2. Anónimo15:45

    Ah grande gato! Ou melhor Grande Anão Gigante!!!
    Cada vez gosto mais de vir ao teu tasco.



    Maria Amaral

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  3. Anónimo15:57

    Gostei do "Anónimo das 15H06". ISso é que é precisão, qual relógio suiço. ;-)

    Carla

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  4. sabes que fechar um curso não é solução. diminuir vagas sim. obriga as pessoas a lutar pelo que querem e só para lá vai quem quer mesmo aquilo. quantas pessoas não conheci eu que iam para "letras" porque não tinha matemática (e não era por serem burros, mas preguiçosos).

    ainda assim também acho criminoso abrirem cursos que não tem saída para tanto pessoal que "formam". é chupar as propinas para no fim os deixarem mal formados e na miséria. mal formados porque graças ao processo de Bolonha, praticamente sabes que sais com o curso tirado assim que entras. as universidades recebem por numero de alunos formados (pelo menos era isto que estava escrito quando lá andei, pode ter mudado), não por numero de frequência. dantes era difícil e tinhas mesmo de saber, agora basta teres as bases, e mandam-te às feras, normalmente sob a forma de desemprego.

    agora se diminuírem as vagas, aumentam a procura dos "formados" e refinam a entrada dos candidatos.
    um curso universitário nunca deve ser garantido. tem de ser difícil para ter valor. e como isto está, é um facilítismo parvo que só engana quem de lá sai com um papel, já nem digo canudo, na mão.

    como o que lhes interessa é só o dinheiro que os alunos pagam, não vai fechar curso nenhum nem vão diminuir vagas. vão continuar a brincar com a vida das pessoas e a darem-lhes certificados que não valem nada mas que os convence de que são bons de mais para um trabalho mais humilde. enquanto podem pensar assim, e sem querer generalizar muito, porque até conheço excepções.

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  5. Percebo que te cause ânsias, mas não te cales de vez. É inimaginavelmente alto o número de pessoas que pensam como anónimos das 15h06, e pior.

    Como não gosto muito de me cansar, costumo retorquir com um "Para isso chamavam-lhe Diversidade". Mas já que tu (felizmente) te cansas pela causa, acrescento à tua escrupulosa argumentação que eu e MUITOS outros licenciados (e pós-graduados e mestres) de Letras rejeitamos ofertas de emprego, boas ofertas de emprego, mensalmente.

    Obviamente é necessária actualização constante e, sobretudo, espírito de risco que nos permita sair das áreas de conforto do passado - passei vários anos a acompanhar ensaios não-destrutivos por ultrassons e a traduzir os relatórios, fiz 180km diariamente para trabalhar numa das maiores empresas portuguesas de construção civil, etc etc etc - mas não há falta de trabalho para bons humanistas. Não há. E atiro uma pedra e uma oferta de emprego ao focinho do primeiro que disser que sim, que há.

    Curioso é que, ironicamente, não apregoemos o nosso sucesso tanto quanto os profissionais de outras áreas. Têm mais letra que nós, afinal.

    E era só isto. Um abraço a todos.

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  6. Vegan Wolf,
    Não entendo exactamente como é que "menos vagas" vai equivaler a uma melhor preparação. Os cursos são maus porque têm maus alunos? Dava um jeitaço acreditar nisso, sim senhor.

    Há 500 coisas erradas com as universidades portuguesas, sim, até porque não souberam beber o espírito de Bolonha - que não é mau per se -, mas "elitizar" não é seguramente solução, por muito que pessoalmente até me conviesse.

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  7. Anónimo17:15

    Para não tornar isto repetitivo , digo apenas que subscrevo na integra os comentários da Wiwia.


    Maria Amaral

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  8. os alunos não são maus, mas se lhes facilitarem as coisas, não se vão esforçar. a inteligência leva-nos a procurar o caminho mais fácil, na maioria das vezes. e a excelencia não é só o potencial, mas o uso dele.
    e a diferença entre elitizar e preparar está no prolongamento das avaliações para além do final do curso. que no fundo são reflexo de uma má preparação prontamente aproveitada por empregadores de má fé.

    se facilitarem inundam o mercado e desvalorizam o proprio curso que acabaram de tirar.
    ao ponto de serem explorados ou desempregados.
    tem de existir um ponto de equilibrio, que com o processo de Bolonha e com a transformação do ensino superior num negócio, foi aniquilado.

    tal como nem todos podem ser jogadores de futebol, nem todos podemos ser uma qualquer outra profissão só porque gostamos, apesar de não ter mercado de trabalho. melhor, podemos. mas temos de estar conscientes das consequências.

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  9. Caro "Anão": O problema dos cursos em Portugal é simples, são muito teóricos e no fim dos 3 ou 5 anos espreme-se e não sai nada..

    As empresas aceitam tudo e mais alguma coisa desde que a experiência se enquadre, conheço muito boa gente com licenciaturas, mestrados e afins que valem 0(ZERO).

    Cumprimentos,
    Luís Rafael

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