Várias comunicações da Embaixada Americana em Lisboa, entre 2006 e 2009*, mostram as pressões de Washington e os "cuidados" que o Governo teve em autorizar os voos.
Sócrates concordou com o repatriamento de "combatentes inimigos" de Guantánamo através da base aérea das Lajes, "caso a caso", escreve o embaixador Alfred Hoffman, em 7 Setembro de 2007.
O embaixador destaca que a autorização de Sócrates nunca foi tornada pública.
Quatro dias depois, outra comunicação, deixa claro que o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado também autorizou o repatriamento de prisioneiros através das Lajes, nas mesmas condições: "caso a caso".
Cri! Cri! Cri! Faz o grilo - O compromisso de Luís Amado
A pressão de Washington é evidente em várias comunicações enviadas de Lisboa, entre 2006 e 2007. Numa delas, de Setembro de 2006, o Embaixador Hoffman relata um encontro com o Ministro dos Negócios Estrangeiros e a resposta que obteve. Luís Amado disse precisar da autorização do primeiro-ministro e que seria difícil convencê-lo. Compromete-se todavia, com o embaixador, a envidar todos os esforços para obter a cooperação do Governo, desde que haja total transparência dos EUA, "se não fazemos isto bem, pode ser um fracasso tremendo", rematou Amado.
Oops! - Quase uma centena de voos
A partir de uma denúncia do The Washington Post, a eurodeputada Ana Gomes, rastreou 94 voos que sobrevoaram Espanha e Portugal, entre outros países. Em Fevereiro de 2009, Ana Gomes disse ao El País que, de acordo com informações a que teve acesso, existiram voos de transporte e repatriamento de, e para Guantánamo, desde 2002, até pelo menos Junho de 2006.
As declarações de Ana Gomes causaram agitação nas fileiras do PS. Noutra comunicação de Janeiro de 2007, dá-se conta de uma reunião na embaixada, com os dirigentes do PS José Lello e Paulo Pisco, em que se falou das acusações da eurodeputada. Lello mostrou uma aversão clara a Ana Gomes, mas, disse que expulsá-la, seria contraproducente para o partido. Lello garantiu ainda que Ana Gomes se encontrava isolada, tanto no PS, como no Parlamento Europeu.
Lello, assegurou ainda aos seus interlocutores, que os principais dirigentes do PS, incluindo o primeiro-ministro, "são claramente pró-americanos" e descartou a ala esquerda do partido, que descreveu como "alegristas", em referência a Manuel Alegre.
Ão ão! Ladra o cão - "pior do que um rottweiler"
Jorge Roza de Oliveira, conselheiro diplomático do primeiro-ministro, numa outra reunião na embaixada foi mais longe no enxovalho a Ana Gomes, que descreveu ao Embaixador Hoffman como "uma senhora muito excitada, pior do que um rottweiler à solta", como expresso noutra comunicação de Janeiro de 2007.
Nessa reunião, Roza de Oliveira, assumiu que alguns voos da CIA** sobrevoaram Portugal, o que "constitui o primeiro reconhecimento que nos foi feito até agora por um funcionário do governo Português ", nas palavras do diplomata.
A excelente reputação de Luís Amado na diplomacia dos EUA, está reflectida numa outra comunicação da embaixada de Lisboa, dirigido à então secretária de Estado Condoleezza Rice, poucos dias antes de uma reunião entre os dois.
A comunicação destaca a lealdade tradicional de Portugal "membro fundador da NATO", e lembra (ó desgraça), que apoiou desde o início, a intervenção dos EUA no Iraque e acolheu a Cimeira dos Açores (ó Barroso). Um aliado que "permitiu acesso praticamente irrestrito ao espaço aéreo e marítimo Português para voos de apoio às operações militares no Iraque e Afeganistão, com 3.000 ao ano, passando pela base das Lajes".
Amado não esconde aos Estados Unidos o seu apoio ao repatriamento dos prisioneiros de Guantánamo, através da base das Lajes, mas, sempre destacou a necessidade de tais operações se realizarem dentro da legalidade (Ufa! P’ra ele).
Comentário:
· As comunicações da embaixada dos EUA em Lisboa, a terem alguma consequência, será unicamente política e, mesmo assim, dificilmente - o único partido que pode “puxar o tapete” ao PS, o PSD, é igualmente pró-americano;
· Mas, é certo, que acusações de desonestidade serão trocadas;
· A validade jurídica de qualquer uma destas pretensas provas é inexistente e nunca poderá servir de fundamento real à abertura ou reabertura, de qualquer inquérito;
· Com toda a probabilidade existiram voos ilegais da CIA, Jorge Roza de Oliveira admite-o claramente, algo que nem um diplomata medíocre faria, sucede que, neste caso, como noutros, é frequente as personalidades mais fracas, ofuscadas pela atenção de um embaixador de carreira (e dos EUA), falarem demais (e eles sabem-no e aproveitam), veja-se o modo trauliteiro como se refere à eurodeputada Ana Gomes;
· Sabendo Roza de Oliveira, também José Sócrates e outros membros do Governo, obviamente Amado, teriam conhecimento dos voos da CIA, omitindo nesse aspecto qualquer acção e negando o conhecimento;
· Não se confunda os voos da CIA (transporte após detenção ilegal, ou condução para prisão no estrangeiro, em países que empregam a tortura), com os voos de repatriamento (prisioneiro libertado conduzido a país de acolhimento), os primeiros são ilegais em qualquer caso, os segundos não;
· Luís Amado é um homem inteligente;
· Quanto ao resto: fogo em palha molhada.
Já toda a gente sabe que para se ser politico tem que se ser mentiroso, é indispensável. Que a corja de politicos que nos governa é desavergonhadamente mentirosa também toda a gente sabe. Agora vir dizer perante todas as evidências que "uma pedra" não é uma pedra, por amor de Deus! até quando vamos permitir este ultraje á nossa dignidade? até quando o povinho português vai "comer e calar?" Somos todos uma cambada de "bananas" e "cornos-mansos" (eu incluido) , falamos, falamos, falamos mas não fazemos nada !
ResponderEliminarEu estou a pensar tirar a carta de caçador ;)
ResponderEliminarConcordo plenamente.
ResponderEliminarOra dê uma espreitadela aqui:
http://tapandosolcomapeneira.blogspot.com
e deixe de sua justiça.
Cumprimentos,
Sou muito rápido. Já lá estava. :)
ResponderEliminarComo foram os dois sírios, que Portugal escolheu do "lote de Guantanamo", parar a território português? Segundo Amado só podem ter ido a nado...
ResponderEliminarBote de borracha.
ResponderEliminarvivam.. não vou contestar as vossas palavras, já que a sentença terá sido rapidamente decidida assim que a notícia saiu. e sem se ver sequer a prova do crime.
ResponderEliminarninguém leu ainda o telegrama em questão, dado que a wikileaks ainda não o libertou. pelo que qualquer afirmação de que o JRO claramente admite, ou o JRO, não pode ser séria porque se baseia apenas em duas frases do el país. e sabem, eu não confio muito nas capacidades linguísticas do povo espanhol, de modo que, como calculam, gostava mesmo de ver o texto escrito pelo embaixador americano (que aliás saiu de portugal a dizer mal do nosso país e dos portuguese, mas disso ninguém fala).
o que me leva a outra constatação - sendo este exercício wikileaks explicitamente anti-americano, é engraçado ver que a palavra dos americanos é a que vale no tribunal popular.
a minha - foram os meus miseráveis 15 minutos de fama - já a dei ontem, mas pelos vistos não conta. nada posso fazer quanto a isso.
http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=93&did=133346
o rottweiler apareceu em cena porque fui dono de um exemplar lindo que morreu precocemente há 2 anos. é raça que tem para mim conotações muito positivas...
e por fim, enfim, poderei ser certamente medíocre, mas não tenho medo de pôr o meu nome debaixo de palavras que tenha escrito...
umas festas óptimas para todos, e pensem, o que teria dito jesus?...lol
1. Os comentários estão abertos, qualquer desmentido, como este, é imediatamente publicado;
ResponderEliminar2. O "El País" não tem por hábito equivocar-se nas traduções;
3. As revelações da WikiLeaks são desmentidas, nunca se verificaram porém, factos a confirmar essas negações;
4. A comunicação será verdadeira e a tradução também;
5. Entre a comunicação escrita de um embaixador estrangeiro e o desmentido verbal de um ex-funcionário(?) do Governo, é opção minha acreditar na primeira;
5. O parágrafo 4.º dos comentários, se for bem lido, opõe um diplomata medíocre, mas experiente, a uma personalidade fraca (ou vaidosa se preferir);
6. Infelizmente conheço muitos assessores, de muita coisa, demasiado bem, daí a minha tendência para acreditar mais em embaixadores;
7. Os meus conhecimentos da raça canina a que alude são muito limitados, assumo pois que pode estar certo nesse aspecto;
8. Não acredito que tenha sido JRO o autor do comentário anterior, não me pergunte porquê.
ou seja, você acredita em duas frases do el país sobre mim, e não acredita em 50 escritas por mim em defesa própria. tudo bem...
ResponderEliminarsabe tão bem quanto eu que nada disto faz sentido. você fala das revelações da wikileaks, mas com toda a sinceridade até agora não vi wikileaks nisto, só el país. estamos em 23 de dezembro e o telegrama ainda não foi visto, ao contrário dos outros 1800 já libertados. eu só gostava de ter o privilégio desses 1800 e ler o que o hoffman escreveu, só isso.
de qualquer maneira esperemos dois meses até eu ser embaixador em delhi (os indianos concederam-me hoje o agrément, imagine, apesar disto tudo, lol...) e aí você vai mesmo ter de me acreditar, ou não mantém a palavra de acreditar sempre em embaixadores? mais uma vez, lol (que tudo isto é tão ridículo que só com muitos lols..).
tenho pena disto tudo, e não tenho forma de scannar a minha impressão digital para que a minha identidade se confirmasse...
enfim, como vê, eu não sou como o rott, e não sigo o conselho de largar.
mais uma vez, boas festas!
O poder estabelecido e quem vive dele está interessado em desacreditar toda a informação que o desestabilize.
ResponderEliminarwww.antonio-justo.eu