«Mulher é bom, mas dá trabalho.»
O* pinga-amor, das redes sociais,** inicia o seu vasto labor com a ideia de seduzir o sexo oposto.
A tarefa, que não requer currículo, nem habilitações académicas, exige contudo um décor, uma mise–en–scène. O sucesso da missão requer estratagemas, enganos e mentiras. Estes meios e tarefas complicam-se com o decurso do tempo e transformam-se num fim em si, independentes do objectivo inicial. Ele, o sedutor, dá por si tão ocupado em construir cenários, coreografar sonhos em comum e inventar álibis ou desculpas, enreda-se tão profundamente em ocultar erros que!... esgota o tempo, a energia, e a disposição, para ultimar o fim em direcção ao qual, ostensivamente, todos os preparativos anteriores rumavam.
__________________________________
*O género masculino é usado exclusivamente por comodidade do autor (e também porque, dizem as notícias, este ano a produção de tomate diminuiu em 30%), assegura-se aos fellow bloggers que não resulta de qualquer discriminação de género e as pinga-amor são dignas de igual dose de sarcasmo e maledicência.
**Um pinga-amor, note-se, e não um (Giacomo Girolamo) Casanova. Este, rezam as crónicas, não esbanjava tempo em prolegómenos. Uma vez desimpedido o caminho, e resolvidas as libações iniciais, não havia tardança na disputa pélvica. Aos mais desejosos de aprofundar a questão recomendo (já o disse antes aqui e aqui) um filme: Fellini's Casanova.* Donald Sutherland tem aí a interpretação cabotina de uma vida, um magnificat da representação que foi depois reutilizando em doses menores na sua longa carreira fílmica. Isto, minhas senhoras,** é crítica cinematográfica.
Nota* da nota**:Os mais afoitos dizem mesmo que Fellini transpôs para o cinema uma obra pedagógica do séc. XV adaptada à libido do séc. XVIII, e que me vem à memória em assuntos desta natureza: Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, do nosso mui estimado D. Duarte I.
Nota** da nota**:e meus senhores.
Sem comentários:
Enviar um comentário