terça-feira, 3 de setembro de 2013

A noite arrasta a cauda negra das estátuas de sal



Um verão, ainda jovem, à janela, perguntou-se onde tinham ido aquelas mulheres que assentavam arraiais à beira-mar, observando, esperando algo que nunca iria chegar. O vento beijava-lhes a pele, delicadamente, empurrando em uníssono os cabelos soltos contra os lábios carnudos. De que época vieram, de que destino feroz se desviaram, para onde partiram? Faz muito tempo desde que viu tal esplendor solitário, pesado na sua imobilidade, escrevendo a triste história da esperança abandonada. Foi nesse Verão, que vagueou no negrume, no mar das trevas, como se fosse a primeira vez, para lançar a sua própria luz, mas o que derramou foi escuridão, o que encontrou foi a noite.

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