[...]
- Pedi a minha mão em casamento.
- O quê?!
- Você vai casar com você mesmo?
- Não, só com a minha mão. Esta. E Herculano levantou a sua mão direita. A noiva abanou para todos na mesa.
- Pedi a minha mão em casamento.
- O quê?!
- Você vai casar com você mesmo?
- Não, só com a minha mão. Esta. E Herculano levantou a sua mão direita. A noiva abanou para todos na mesa.
Com o tempo, no entanto, o relacionamento mudara. Crescera uma real afeição entre os dois, que aos poucos se transformara em amor. A verdade, contou Herculano, era que encontrara na sua mão direita o que nunca encontrara numa mulher. Além de ser uma companheira constante que jamais o contrariava e fazia todas as suas vontades, era uma amante perfeita. Nenhuma mulher conseguia satisfazê-lo como a sua mão direita.
- Me apaixonei, pronto - disse Herculano.
Herculano enumerou todas as vantagens de ter a sua mão direita como esposa. Ela jamais lhe seria infiel. Ela jamais se recusaria, com um gesto que fosse, a fazer amor com ele. Estaria sempre pronta para o sexo, incapaz de alegar dor de cabeça, tendinite ou o que fosse. E não esperaria que ele fizesse conversa de neném antes e depois do ato, como algumas mulheres exigem. A sua mão direita não esperaria nada, não exigiria nada, seria uma amante - além de exímia nas artes do amor - silenciosa.
[...]
E aconteceu uma coisa que ninguém poderia prever. O Herculano, que nunca fora disso, se revelou um grande ciumento. Continua frequentando a roda, mas, se desconfia que alguém está dando muita atenção à sua esposa, põe a mão no bolso.
:D djimáis!
ResponderEliminare a mão esquerda, como ficou no meio disso tudo?...
Lenços de papel e lubrificante.
ResponderEliminarMuito bom!:)Não posso é deixar de pensar:E se o amor acaba?Se a mão se farta de estar no bolso?Ah pois é...
ResponderEliminarMaria Amaral