sábado, 4 de abril de 2015

A fortuna assim o quis, essa megera que governa a nossa existência


Uma vida inteira na cidade dos automóveis e não conduz um Cadillac. Atropela a neve arrastando os pés. Os ombros pendurados no casaco negam transportar filosofia reflexiva apenas vértebras gastas. Dedos pétreos executam acordes maquinais. A voz treme. Retém o sorriso de outrora e a simplicidade. 


Conhece a fama aos setenta anos de idade. Estreia-se no The Royal Albert Hall dois anos após. Latino, ultrapassa o sucesso e as vendas de Elvis Presley junto de brancos e negros em país dividido pelo apartheid. Elvis não sabe, ele também não.

De originais apenas dois álbuns. Uma poética menos elíptica e mais transparente que Bob Dylan é suficiente para não ser estudado nas universidades. Igualmente melhor compositor, nas orquestrações vence o seu tempo. Rumores dão-no como morto: suicídio em palco com plateia que observa indiferente. 

Nos anos noventa um admirador persistente (adolescido ao som de I wonder — how many times you had sex) quis apurar factos e encontra-o. Vivo, trabalha em demolições. Retorna activamente à música, e aos palcos, na África do Sul. 

Em 2012 o multi-premiado documentário Searching for Sugar Man entroniza a vida e a obra de Sixto Rodriguez: poeta, letrista, compositor, músico, intérprete, cantor.






3 comentários:

  1. Eis um documentário que salva. Em muitas dimensões. BOM POST! (A gritar mesmo.)

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    1. Continue assim: uma simpatia sem limites.

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    2. Por quem é... Continuarei.

      (Tenho limites, palavra-passe e mai'não sei quê... Agora tratá-lo por "você" será um desafio, sem dúvida...)

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