segunda-feira, 28 de março de 2011

Funk no Buraco Quente

«Já vi massas com armas de fogo, mas nunca tinha visto armas de fogo no meio de uma massa que rebola os quadris, flecte os joelhos e vai baixando o bumbum como quem senta, ao som de um refrão contínuo que diz: Senta-senta-senta na piroca. Piroca é aquilo a que todo o brasileiro chama pau. Homem tem, mulher não, a não ser que se chame Vadila e tenha nascido Lobato. Aí, acreditem, o pau até pode ser virgem. 
[...]
Na primeira concentração de colunas de som, está de putaria: Vem para cá e aquece a bucetinha ...  Tum-te-tum, tum-te-tum. Bucetinha pode rimar com facinha, mulher que "dá para todos", mas mulher que "dá para todos" também pode ser piranha, e quando a piroca entra na xereca o refrão repete: Vou socar / vou socar. Turn-te-tum, tum-te-tum. O som está tão alto e os baixos tão baixos que vibram na base do estômago. Subir o Buraco Quente é ser tomado por uma massa quente que começa a pulsar nos nossos órgãos internos.
[...]
Nasceu Lobato, escolheu chamar-se Vadila. "A primeira vez que 'dei' para homem tinha 11 anos", conta, coquete. "Só dei para homem. À frente sou virgem." Quer dizer, no pau. Assim avançados que estamos, o alegre jacarandá, que nem gosta de funk e está aqui de cortesia, vai revelando que ele mesmo "dá" para homem. "E sou galinha!" Quer dizer, "dá" muito.»

Alexandra Lucas Coelho in jornal Público, 18.03.2001, texto completo aqui.  

As minhas desculpas aos utilizadores do Firefox 4.0 a hiperligação para o texto completo em ficheiro de formato pdf não funciona nesse browser. Desconheço o motivo. Funciona em Opera e IE. 

2 comentários:

  1. Anónimo20:09

    HAHAHAHAHA

    E os coelhos nanicos também entram nesse regabofe?
    Tenho que ir ler.



    Carla

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  2. Anónimo23:36

    Fascinantes os sinónimos!!!
    Viva a Língua Portuguesa!!!!:).




    Maria Amaral

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