terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Do arquivo morto. Tenho agora de escrever sobre Picasso, enquanto você, musa, se despe no meu quarto


Eventualmente (acontece a todas uma vez na vida, uma vez por ano ou de quando em vez) perdes o que amas, desejas, ou consideras teu (algo, alguém, o teu caminho, seja o que for: o quid não é importante). E ficas prostrada, chorando, pontapeando e esmurrando o soalho. É o que fazem as crianças adultas com idade superior a vinte anos. Mais tarde, não importa quanto tempo depois, ainda estás deitada no chão, esmurrando o soalho, chorando e a pensar: «Eu estou deitada no chão, esmurrando o soalho, chorando.» O ridículo da situação que se apresenta é este: já sabias, com o instinto apurado das velhas do Sião, que tudo iria suceder exactamente assim. Pior, enquanto estás deitada no chão notas, com grande acuidade, mesmo que a isso os olhos não ajudem, que a união entre o rodapé e a parede está mal pintada. E o teu choro redobra.
 

5 comentários:

  1. Musas ao Anão, que ele escreve coisas "uau" enquanto vocês de despem.
    Rápido!

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    1. Você é tão perspicaz. Como adivinhou que no fim tem sempre um "uau!"?

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  2. Memórias, meu bem, memórias...:P
    Nada a ver com perspicácia.

    (Ovê tá brasileiro, ou é impressão minha..?)

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    1. Não confirmo nem desminto. Ahahahahah.

      (Não, realmente, mas desde que li o tarado do Reinaldo Moraes fiquei com tiques.)

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  3. ahahaha! cavalheiro, como sempre.:)
    Eu esclareço, antes que me caia tudo em cima: Memórias minhas, o Anão não faz parte desta equação. Calma, respirem fundo.

    ( Olha, agora melhorou!)

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